05:49 - 17/09/2009
Jornal da Tarde
Um em cada quatro veículos envolvidos em acidentes de trânsito nas estradas federais do País, no ano passado, era caminhão. O porcentual é sete vezes maior que o da frota de veículos de carga que circula nas rodovias: um alerta para caminhoneiros e motoristas de carro que disputam espaço com esses gigantes das estradas. Só nas rodovias pedagiadas, o número de acidentes subiu 25% entre 2007 e 2008. De acordo com a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), as rodovias federais registraram no ano passado 138 mil ocorrências de trânsito com um total de 239 mil veículos envolvidos - um quarto deles, caminhões. Segundo especialistas em segurança de trânsito, quando veículos de carga provocam ou são vítimas de acidentes, o número de óbitos é, em média, sete vezes maior do que em colisões graves envolvendo dois carros de passeio, quando costumam ser registradas duas mortes. A carga horária média de 17 horas por dia e o uso de drogas para suportá-la estão entre as principais causas de acidentes. O sono ao volante é responsável por 60% das tragédias envolvendo caminhões. “O cansaço também faz com que os motoristas se acostumem com a velocidade, provocando acidentes principalmente no acesso a cidades como São Paulo”, explica o engenheiro mecânico, Rubem Penteado, especialista em transporte de carga. Em julho, o presidente Lula vetou um projeto de lei que obrigava os motoristas de caminhão a descansar meia hora a cada quatro horas de direção. O projeto foi criticado por especialistas de segurança de trânsito por não estabelecer um limite para a carga horária da categoria. A Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) sugere no máximo seis horas por dia. Uma pesquisa da Universidade de São Paulo, divulgada na semana passada pelo Jornal da Tarde, identificou o uso acentuado de cocaína, além do conhecido rebite, para manter os caminhoneiros acordados por mais tempo. “O maior problema é que, quando o efeito passa, esses condutores sofrem um apagão e os acidentes são quase inevitáveis”, afirma o médico Dirceu Rodrigues Alves Júnior, da Abramet. Pesquisador da segurança e da saúde de motoristas profissionais, ele afirma que desde o ano passado, com o início da Lei Seca, o uso de drogas tem se disseminado ainda mais entre caminhoneiros. Com o risco de serem flagrados no bafômetro, eles substituíram a bebida alcoólica por substâncias como crack, cola e cocaína. “Eles sabem que isso não é possível fiscalizar. Não temos meios de detectar esse tipo de usuário”, diz o inspetor Márcio José Pontes, da Polícia Rodoviária Federal. Mas o perigo não está só nos próprios caminhoneiros. As estradas esburacadas e a condição dos veículos também contribuem com o índice de acidentes. Cerca de 80% da frota de 1,9 milhão de caminhões tem em média 21 anos de uso. “Carros velhos e sem manutenção em estradas com asfalto ruim são uma outra combinação fatal”, afirmou Penteado. O presidente do sindicato dos caminhoneiros, Norival de Almeida Silva, defende que as estatísticas são desfavoráveis para a categoria porque os veículos, embora representem uma parcela pequena da frota, passam mais tempo em circulação. “É uma junção de irregularidades, cometidas também por quem dirige carro.” CARROS X CAMINHÕES Motoristas de carro podem adotar algumas precauções para evitar acidentes com caminhões nas estradas:
- Manter distância mínima de 50 metros, para que tenha tempo de se movimentar e tirar o veículo de uma possível colisão
- Jamais ultrapassar quando perceber que o caminhoneiro está cochilando. O ideal é comunicar a autoridade de trânsito no posto policial mais próximo, para que o motorista seja fiscalizado.
- Nunca tentar parar o caminhoneiro ou abordá-lo.
- Sempre que ultrapassar, sinalizar com o farol alto e esperar que o caminhoneiro dê um sinal.
- Não ultrapassar em curvas, porque as forças que atuam sobre o caminhão podem fazê-lo tombar
- Manter distância do caminhão também para evitar que detritos do solo caiam no para-brisa do carro. Isso pode assustar o motorista.
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